Meu Senhor, responde-me depressa no dia da angústia, e, se possível afasta de mim este cálice de aflição.
“Como a relva ressequida está o meu coração; esqueço até de comer! De tanto gemer estou reduzido a pele e osso.” (Salmos 102:4,5).
Ao contrário do que se diz por aí, de que o crente não fica deprimido, uma simples leitura da Bíblia vai mostrar que não estamos imunes à doença da alma. Prova do que afirmo é que temos aqui a prece de um aflito que se sente esmagado diante da tribulação que assola a sua alma; seu coração está ressequido por isso ele desabafa suas queixas diante do Senhor: “Não escondas de mim o teu rosto, quando estou atribulado. Inclina para mim os teus ouvidos; quando eu clamar, responde-me depressa! Esvaem-se os meus dias como fumaça; meus ossos queimam como brasas vivas” (Salmos 102:2-3). Sua angústia era tamanha que ele se esqueceu até de comer. Nós não somos diferentes do nosso irmão salmista. Quando, por exemplo, enfrentamos enfermidades, COVID, e outras situações de desespero, nossos dias também passam de forma que as nossas preocupações afetam a nossa memória, tanto que não nos lembramos sequer de nossas necessidades mais básicas.
É nesses momentos, que
costumamos gritar: “Ouve a minha oração, Senhor! Chegue a ti o meu grito
de socorro!” (Salmos 102:1). Pois sabemos que Deus é nosso único
consolo e fortaleza, mesmo que estejamos debilitados demais para lutar podemos confiar e nos apoiar Nele: ‘Três vezes roguei ao Senhor que o
tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você,
pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei
ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse
em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos,
nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que
sou forte’ (2 Coríntios 12:8-10).
Mas, infelizmente, o super crente não pode demonstrar fraquezas, porque o acusariam de falta de fé ou de estar em pecado. Estas convenções são provavelmente as responsáveis pelo agravamento da crise. Pois ela se instala de forma mais enérgica por conta desta cobrança injusta que nos é imputada. Essa doutrina humana e diabólica tem levados muitos a desistir da carreira que lhe foi proposta, não é incomum que alguns atentem contra a própria vida!
Tanto é verdade que o salmista sabiamente grita sua angústia diante do Senhor dizendo: “O meu coração está ferido e seco como a erva” em outro momento lemos: “porque sou pobre e miserável; trago, dentro de mim, um coração ferido. Vou-me extinguindo como a sombra da tarde que declina, sou levado para longe como o gafanhoto. Vacilam-me os joelhos à força de jejuar, e meu corpo se definha de magreza” (Salmos 109:22-24); este é o relato angustiante de um homem temente a Deus que, creio eu, está enfrentando uma depressão profunda, todavia ele continua confiando no Senhor.
Sua prece é a prece de um aflito que
transpira angústia diante do Senhor quando diz: “Não escondas de mim o
teu rosto, quando estou atribulado. Inclina para mim os teus ouvidos; quando eu
clamar, responde-me depressa!” (Salmos 102:2). Em outro exemplo, vemos o
grande profeta Elias deprimido, fugindo apavorado das ameaças de morte, Elias “andou
pelo deserto um dia de caminho. Sentou-se debaixo de um junípero e desejou a
morte: Basta, Senhor, disse ele; tirai-me a vida, porque não sou melhor do que
meus pais” (1ª Reis 19:4).
Se os exemplos do salmista e
do profeta Elias não forem suficientes, voltemos nossos olhos para a tristeza
da alma que não poupou nem mesmo o nosso Senhor Jesus: ‘Disse-lhes então:
"A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui
e vigiem comigo”’ (Mateus 26:38). Muito embora Ele estivesse sendo
fortalecido por um anjo, sua agonia era tão intensa, que Seu corpo transpirava
angústia, “E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor
tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão” (Lucas
22:44).
Veja que tanto o salmista
quanto Elias, ambos estavam tão mal que não lembram de comer: “por
isso me esqueço de comer o meu pão”. Isso revela que quando o nosso
corpo adoece a falta de apetite é um sintoma recorrente. Caso o doente cometa o
erro de não se alimentar, de beber água, o corpo ficará debilitado por conta da
desnutrição e desidratação, fazendo com que a doença seja mais resistente ao
tratamento. O mesmo ocorre com nosso espírito quando não nos alimentamos da
Palavra de Deus nossa alma fica debilitada.
Nesses momentos é primordial
alimentar o corpo com pão e água para restabelecer o vigor “Jônatas,
porém, não sabia do juramento que seu pai havia imposto ao exército de modo que
estendeu a ponta da vara que tinha na mão e a molhou no favo de mel. Quando
comeu seus olhos brilharam” (1 Samuel 14:27). Esta lição é válida
também quando se trata de alimentar a alma. Para isso podemos comer o pão do
céu e assim nutrir o espírito “E te humilhou, e te deixou ter fome, e te
sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para
te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da
boca do Senhor viverá o homem” (Deuteronômio 8:3). Alimentados com Sua
Palavra, devemos seguir o exemplo do salmista, de Elias e do nosso Salvador
Cristo Jesus e continuar confiando que o Senhor: “Responderá à oração dos
desamparados; as suas súplicas não desprezará” (Salmos 102:17). E, quando já não tivermos mais forças para prosseguir, continuaremos esperando que Ele
venha ao nosso encontro nos alimentar e fortalecer: “Deitou-se por terra,
e adormeceu debaixo do junípero. Mas eis que um anjo tocou-o, e disse:
Levanta-te e come. Elias olhou e viu junto à sua cabeça um pão cozido debaixo
da cinza, e um vaso de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Veio o anjo do
Senhor uma segunda. vez, tocou-o e disse: Levanta-te e come, porque tens um
longo caminho a percorrer” (1ª Reis 19:5-7).
Querido irmão e amigo, por
mais que o nosso “coração esteja ferido e seco como a erva”, é
preciso reagir! Há muito que viver! Portanto escute a voz do anjo de Deus que
fala com você dizendo: “Levanta-te e come, porque tens um longo caminho a
percorrer”, lembre-se que Deus não: “oculta de você a Sua face no
dia de angústia”. O Seu consolo jamais nos faltará: “Apareceu-lhe
então um anjo do céu para confortá-lo” (Lucas 22:43). Mesmo que
estejamos muito fracos para reagir, podemos nos apoiar Nele, portanto: “Vinde,
e tornemos ao SENHOR, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a
ferida” (Oséias 6:1).
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus
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