Ó Senhor, chega bem perto de mim! Me tira daqui! Resgata-me meu Salvador.

“Responde-me, Senhor, pela bondade do teu amor; por tua grande misericórdia, volta-te para mim. Não escondas do teu servo a tua face; responde-me depressa, pois estou em perigo” (Salmos 69:16,17).


Creio que esta oração expressa o estado de espírito de muitas pessoas que já experimentaram 
“zombaria, humilhação e vergonha”. Afrontas tais que despedaçaram o coração, ultrajes que abatem e fazem adoecer a alma. Embaraços que debilitam o espírito e enfraquecem a fé: “Cansei-me de pedir socorro; minha garganta se abrasa. Meus olhos fraquejam de tanto esperar pelo meu Deus” (Salmos 69:3).

Este é o retrato de um indivíduo que está nas profundezas do desespero, rouco de tanto gritar por socorro, que insiste em não chegar, tanto que os seus olhos estão turvos por conta do rio de lágrimas que cobrem o seu rosto de tanto esperar por Deus: “RESPONDE-ME, Senhor, pela bondade do teu amor; por tua grande misericórdia, VOLTA-TE para mim. Não escondas do teu servo a tua face; RESPONDE-ME depressa, pois estou em perigo. APROXIMA-TE E RESGATA-ME; LIVRA-ME por causa dos meus inimigos” (Salmos 69:16-18).

Contudo, num momento de lucidez, ele acaba por reconhecer que as suas culpas o fizeram agir como um verdadeiro tolo. E, seu receio agora é que outras pessoas que confiam em Deus, não venham a perder a fé e a esperança por sua causa, e desta forma também sejam elas envergonhadas: “Tu bem sabes como fui insensato, ó Deus; a minha culpa não te é encoberta. Não se decepcionem por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Senhor dos Exércitos! Não se frustrem por minha causa os que te buscam, ó Deus de Israel!” (Salmos 69:5,6). Sua grande preocupação é que as suas adversidades venham a prejudicar outros homens que veem nele um exemplo de fé.

Diante de tanta agonia não vê outra coisa a fazer se não continua a gemer e prantear o seu infortúnio diante de Deus. Já que os homens se mostraram verdadeiramente indiferentes ao seu sofrimento, e mesmo cansado de clamar ele ora dizendo: “Tu bem sabes como sofro zombaria, humilhação e vergonha; conheces todos os meus adversários. A zombaria partiu-me o coração; estou em desespero! Supliquei por socorro, nada recebi, por consoladores, e a ninguém encontrei. Puseram fel na minha comida e para matar-me a sede deram-me vinagre” (Salmos 69:19-21).

Depois de gritar pedindo socorro: “Salva-me, ó Deus! pois as águas subiram até o meu pescoço” (Salmos 69:1), o salmista descreve a situação angustiante por que passa: “Nas profundezas lamacentas eu me afundo, não tenho onde firmar os pés. Entrei em águas profundas; as correntezas me arrastam” (Salmos 69:2). A “zombaria, humilhação e vergonha” dão a dolorosa sensação de uma morte angustiante e lenta por afogamento. Ele então é tomado pelo desespero de sentir a vida se esvaindo, como água entre os dedos, enquanto tentar apoiar-se em um profundo lamaçal onde não se pode firmar os pés. Ao olhar em sua volta, ao invés de socorro e misericórdia, o que se vê é um bando de inimigos, cercando-o por todos os lados, ladrões e mentirosos ávidos por desferir o golpe de misericórdia mortal pelas costas.

Esta perseguição implacável tem um único motivo: sua fé: “Pois por amor a ti suporto zombaria, e a vergonha cobre-me o rosto. Sou um estrangeiro para os meus irmãos, um estranho até para os filhos da minha mãe; pois o zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim. Até quando choro e jejuo, tenho que suportar zombaria; quando ponho vestes de lamento, sou motivo de piada. Os que se ajuntam na praça falam de mim, e sou a canção dos bêbados” (Salmos 69:7-12). Entretanto o consolo vem pelo fato dele ter consciência de que Deus conhece o seu coração e também todas as afrontas que injustamente lhe são atribuídas; que toda esta perseguição é fruto do seu zelo profundo pelas coisas Divinas. Por conta disso é que as afrontas dos que atacam ao próprio Deus caíram sobre ele: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês.” (Mateus 5:10-11).

Certo é que o justo será perseguido por sua fé! Sempre terá diante dele adversidades: viverá cercado pela morte; tragédia; inimigos impiedosos; e, este será o grande momento do seu triunfo, pois na adversidade, surge o testemunho de fé daquele que vive pela fé, o qual será exemplo para outros homens que veem nele um exemplo de fé: “Mas eu, Senhor, no tempo oportuno, elevo a ti minha oração; responde-me, por teu grande amor, ó Deus, com a tua salvação infalível! Tira-me do atoleiro, não me deixes afundar; liberta-me dos que me odeiam e das águas profundas. Não permitas que as correntezas me arrastem, nem que as profundezas me engulam, nem que a cova feche sobre mim a sua boca!” (Salmos 69:13-15).

Acusado injustamente, o salmista chorou até ficar fisicamente exausto, com a garganta seca e os olhos inchados. Chorou até não poder mais rogar por auxílio. Abandonado até por seus parentes e amigos. O salmista pede a Deus que o proteja na aflição e o defenda de seus inimigos. Ele ora na certeza de que Deus virá com a Sua “salvação infalível! Tira-lhe do atoleiro, não o deixando afundar”. Tanto que em outro momento ele já tinha testemunhado da sua fé: “Coloquei toda minha esperança no Senhor; ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito de socorro. Ele me tirou de um poço de destruição, de um atoleiro de lama; pôs os meus pés sobre uma rocha e firmou-me num local seguro” (Salmos 40:1,2). Pois “Se o Senhor não estivesse do nosso lado; que Israel o repita: Se o Senhor não estivesse do nosso lado quando os inimigos nos atacaram, eles já nos teriam engolido vivos, quando se enfureceram contra nós; as águas nos teriam arrastado e as torrentes nos teriam afogado; sim, as águas violentas nos teriam afogado!” (Salmos 124:1-5)

Agora, ao expressar seus sentimentos mais íntimos, seu desespero se transforma em triunfo e suas queixas se transformam em louvor: “Louvarei o nome de Deus com cânticos e proclamarei sua grandeza com ações de graças; isso agradará o Senhor mais do que bois, mais do que touros com seus chifres e cascos. Os necessitados o verão e se alegrarão; a vocês que buscam a Deus, vida ao seu coração! O Senhor ouve o pobre e não despreza o seu povo aprisionado” (Salmos 69:30-33).

Deus faz reviver o coração despedaçado. Dele vem a sentença em nosso favor diante dos ultrajes que abatem e fazem adoecer a alma. Ele nos livra de todo embaraço que debilitam o espírito e procuram enfraquecer a fé. Portanto, mesmo que demore, o melhor é esperar por Deus, porque, sem sombra de dúvidas, Deus manifestará a Sua salvação. Tornará a edificar tudo que foi destruído para que a terra assolada seja novamente habitada: “Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo o que neles se move, pois Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá. Então o povo ali viverá e tomará posse da terra; a descendência dos seus servos a herdará, e nela habitarão os que amam o seu nome” (Salmos 69:34-36). Todos os que esperam no Senhor e amam o nome de Deus serão recompensados “Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês" (Mateus 5:12).

Se você foi abençoado, abençoe também, não deixe de compartilhar.

“Ó talvez alguma vida possas alegrar,
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).
No amor de Cristo,
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus

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