Meu Deus! Por muito tempo tenho carregado um enorme fardo de problemas. Devolve-me o brilho dos meus olhos, quero sentir a verdadeira paz dos que em Ti confiam.

“Ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte” (Salmos 13:3).

O final do ano de 2018 foi terrível para mim e minha família. Perdi minha mãe após 72 dias de luta na UTI, isso aconteceu após várias cirurgias, amputações, dias de desespero e fé. Experimentamos do silêncio Divino à reposta imediata a algumas de nossas orações. Dias de densas trevas vendaram os nossos olhos. Esses são só alguns exemplos do enorme fardo de problemas que sobrecarregava de angústia o nosso coração dia após dia, quanto mais os dias se alongavam, a pergunta que ardia em nossos corações era: "Até quando, Senhor? Para sempre te esquecerás de mim" (Salmos 13:1). Pôr fim a morte veio, finalmente ela dormiu o sono da morte no dia em que eu completava 52 anos vida. 

Eu estava “exausto de tanto gemer”! Muitas vezes, quando compartilhava minha dor na esperança de achar consolo, ficava mais desolado, muitos me ouviam por educação. Outros, incomodados, mudavam de assunto mostrando todo o seu total desinteresse pelo meu sofrimento. Outros ainda, cheios de boas intenções teóricas, diziam que eu deveria perguntar para Deus “para quê?" e não “por quê?" 

Uma teologia pra mim sem sentido, pois muito embora meus lábios dissessem “para quê?". No meu coração a pergunta era “por quê?" Internamente isso produzia mais angústia, ampliando o peso do fardo que eu já carregava, pois me sentia um hipócrita sem fé diante da "pergunta errada", me sentia encoberto em trevas, de dúvidas e medo, a angústia de me sentir impotente diante da presença viva da morte, isso me trazia tristeza e inquietações no coração dia após dia. 

Por mais que buscasse, não conseguia ver Deus ao meu lado, tanto que dizia em meu coração: “Estou exausto de tanto gemer. De tanto chorar inundo de noite a minha cama; de lágrimas encharco o meu leito. Os meus olhos se consomem de tristeza; fraquejam por causa de todos os meus adversários.” (Salmos 6:6,7).  Minha alma estava abatida, um adversário silencioso queria se apoderar do meu coração e mente, seu nome: depressão. 

Foi então que o Senhor me consolou mais uma vez. Ele me conduziu através de Sua Palavra, até iluminar os meus olhos, para que finalmente eu começasse a enxergar o que não consegui ver até então: “E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, POR QUE me desamparaste?” (Mateus 27:46). E mais “Senhor, POR QUE estás tão longe? POR QUE te escondes em tempos de angústia?" - "POR QUE o ímpio insulta a Deus" (Salmos 10:1;13). 

Percebi então que Deus não nos condena por conta de lhe pedirmos uma justificativa ou mesmo querer saber o objetivo do nosso sofrimento, dúvidas, medo, fé vacilante. Não são e jamais serão empecilho para o amor incondicional de Deus agir em nossas vidas e curar nossas feridas. "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: "Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro". Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 8:35-39).

Se pensarmos diferente, jamais teremos a ousadia que o salmista demonstrou ao dirigir sua oração a Deus “Até quando, Senhor? Para sempre te esquecerás de mim? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando terei inquietações e tristeza no coração dia após dia? Até quando o meu inimigo triunfará sobre mim”? (Salmos 13:1,2). 

Nunca faremos as perguntas certas, que podem nos curar! Quando se expressa desta forma Davi não falta com respeito a Deus, na verdade ele lança sobre Deus as suas ansiedades, seus sentimentos, suas angústias, medos e dúvidas, tanto é verdade, que ele não foi destruído, mas fortalecido e ao final de sua oração, já podia expressar esperança e confiança em Deus, “Olha para mim e responde, Senhor meu Deus. Ilumina os meus olhos, do contrário dormirei o sono da morte;” (Salmos 13:3).

Muito embora creiamos no Deus real e em Sua Palavra que nos diz: “eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28:20), certamente em nossas vidas, havemos de passar, mais cedo ou mais tarde, por um vale de trevas e morte. Uma travessia é realizada debaixo de profunda angústia, por vezes ficamos cegos, as trevas geram um pavor tão grande que assola a nossa alma. 

Medo e aflição nos levam a orar perguntando: “Até quando, Senhor? ...”, entretanto, para que esta pergunta não fique sem resposta, a oração precisa ir até o final, “Olha para mim e responde, Senhor meu Deus. Ilumina os meus olhos, do contrário dormirei o sono da morte; os meus inimigos dirão: "Eu o venci", e os meus adversários festejarão o meu fracasso.” (Salmos 13:3,4). Ao perceber os perigos que lhes cercam, Davi olha para o Senhor e clama: “Olha para mim (...). Ilumina os meus olhos”; seu desejo é conseguir enxergar segundo a ótica Divina. Só então ele pode sentir o frescor da presença de Deus ao seu lado, o que é suficiente para renovar a sua fé, “Eu, porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação.”  (Salmos 13:5).

O certo é que em tempos de angústia nossa tendência é não perceber a presença de Deus, ficamos cegos, mas tal qual o ar que enche os seus pulmões, Ele é o fôlego de vida que nos sustenta. Fale com Ele. Leve a Ele as ansiedades do seu coração com confiança no Seu Amor Leal. Olhe nos Seus olhos e veja o Seu agir, dando-lhe luz, para que você não morra nas trevas, para que assim o “seu coração exulte em Sua salvação”. 

Apesar do duro golpe, consegui sentir a verdadeira paz daqueles que, apesar dos dissabores da vida, continuam a confiar em Deus. Ele me rodeou de pessoas maravilhosas, verdadeiros amigos, que com paciência ouviram o meu choro, minha família sempre ao meu lado, chorei com meus irmãos, minha esposa, uma verdadeira ajudadora, meus filhos um consolo sem igual! Diante disto, o que me resta dizer ao Senhor, senão que "Quero cantar ao Senhor pelo bem que me tem feito." (Salmos 13:6).

Leia na próxima Publicação: "Deus já era? De forma alguma, Deus está aqui! Ele transforma e protege a vida do sábio que gritará “Deus existe, e restaura a nossa sorte."

Se você foi abençoado, abençoe também, não deixe de compartilhar.

“Ó talvez alguma vida possas alegrar,
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).

No amor de Cristo,
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus