A vida é curta. Portanto dá-nos alegria suficiente para compensar todo sofrimento. Pois durante muitos anos temos suportado aflições.
“Dá-nos alegria pelo tempo que nos afligiste, pelos anos em que tanto sofremos” (Salmos 90:15).
Não conheço uma viva alma que goste de sofrer, de viver uma vida miserável, na penúria, passando pelas mais diversas dificuldades, sejam elas físicas, morais ou espirituais. Todos sem exceção querem se ver livres da dor causada por ferimentos na alma, de doenças que afligem o corpo ou mesmo do terror que consome o coração sitiado pelo pecado. Porquê: “Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca” (Salmos 32:3,4). “Minha vida é consumida pela angústia, e os meus anos pelo gemido; falta-me a força devido à minha aflição, e os meus ossos se enfraquecem” (Salmos 31:10). Então Senhor, escuta minha oração: “Volta-te para mim e tem misericórdia de mim, pois estou só e aflito. As angústias do meu coração se multiplicaram; liberta-me da minha aflição. Olha para a minha tribulação e o meu sofrimento, e perdoa todos os meus pecados” (Salmos 25:16-18).
Mais que uma oração, o salmo
90 é uma declaração de fé! Fé expressa na oração de um ancião, um homem
experiente que tem a mais absoluta certeza de que o amor do Senhor, sempre estará
sobre nós, e que o nosso Deus, sempre está disposto a derramar sobre nós as Suas
bênçãos. Seu nome Moisés, certamente um “homem de Deus” visto que: “Em
Israel nunca mais se levantou profeta como Moisés, a quem o Senhor conheceu
face a face, e que fez todos aqueles sinais e maravilhas que o Senhor o tinha
enviado para fazer no Egito, contra o faraó, contra todos os seus servos e
contra toda a sua terra. Pois ninguém jamais mostrou tamanho poder como Moisés
nem executou os feitos temíveis que Moisés realizou aos olhos de todo o Israel”
(Deuteronômio 34:10-12). É interessante notar que ao se aproximar do fim de sua
curta vida (120 anos), as qualidades deste “homem de Deus” se
intensificam, tanto é verdade que na sua velhice ele pede em oração: “Ensina-nos
a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria” (Salmos
90:12).
O grande profeta, homem sábio
e temente a Deus, que gozava de um relacionamento íntimo com o Senhor aprendeu
a não somente contar os seus dias, mas principalmente contar com a misericórdias
Divinas: “Volta-te, Senhor! Até quando será assim? Tem compaixão dos teus
servos! Satisfaze-nos pela manhã com o teu amor leal, e todos os nossos dias
cantaremos felizes. Dá-nos alegria pelo tempo que nos afligiste, pelos anos em
que tanto sofremos. Sejam manifestos os teus feitos aos teus servos, e aos
filhos deles o teu esplendor! Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus
Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a obra de
nossas mãos!” (Salmos 90:13-17).
Este “homem de Deus”
faz sua oração no deserto, ele não alcançou a terra prometida. No deserto ele
juntamente com o povo de Deus enfrentaram aflições e sofrimentos, medo e angústia,
calamidade que os fizeram refletir sobre o sentido da vida e os motivos do porquê
estarem ainda ali. Afinal de contas, qual seria o propósito de Deus em infringir
todo esse sofrimento? Pois, diz ele: “Somos consumidos pela tua ira e
aterrorizados pelo teu furor” (Salmos 90:7). Entretanto, como profundo
conhecedor do caráter Divino, ele sabe que a culpa não está em Deus, mas nos
homens: “Conheces as nossas iniquidades; não escapam os nossos pecados
secretos à luz da tua presença” (Salmos 90:8). Talvez alguém possa
estar dizendo: “Mais isso é injusto, por que temos de ser consumidos pela ira
Divina? Só porque cometemos um pecadinho?”. Quero dizer para você que isso
não tem nada a ver com injustiça, mas tem a ver com amor: ‘Vocês se
esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como a filhos: "Meu
filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois
o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como
filho"’ (Hebreus 12:5,6).
Com isso em mente, o pecado
do homem e o amor de Deus passam a ser os pontos de referência para sarar a agonia
que teimosamente persiste em angustiar o Seu povo infringindo profundo
sofrimento: “Todos os nossos dias passam debaixo do teu furor; vão-se como
um murmúrio” (Salmos 90:9). Apesar da aflição a oração que Moisés faz não
tem início com murmuração, mas com uma declaração de fé: “Senhor, tu és o
nosso refúgio, sempre, de geração em geração. Antes de nascerem os montes e de
criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus” (Salmos
90:1,2). Sua declaração de fé o leva a constatar a finitude de todos os homens; o que o leva a fazer uma confissão de pecados: “Conheces as nossas iniquidades;
não escapam os nossos pecados secretos à luz da tua presença” (Salmos
90:8). “Quem conhece o poder da tua ira? Pois o teu furor é tão grande
como o temor que te é devido” (Salmos 90:11). Portanto “Ensina-nos;
Volta-te, Senhor! Tem compaixão! Satisfaze-nos com o teu amor leal”. Em
outras palavras: abençoa as nossas vidas. Pois assim como as aflições e as
tristezas vieram sobre nós pela Mão Divina, da mesma forma a alegria da vitória
também será concedida pelo teu Braço Forte, a Tua mão direita.
Sendo assim: “Dá-nos
alegria pelo tempo que nos afligiste, pelos anos em que tanto sofremos” (Salmos
90:15). Dá-nos alegria agora Senhor! Garanta ao Seu povo a
felicidade na mesma proporção, dos sofrimentos que suportamos por conta dos nossos
pecados, que nos levou a experimentar da Tua ira. Por conta da nossa loucura durante
muitos anos suportamos sofrimentos, dá-nos agora muitos outros anos de
felicidade! Compensa os anos de adversidade com uma vida boa. Trazendo o equilíbrio à nossa vida de tal maneira que a nossas alegrias sejam igual ou maior que as nossas
tristezas.
Pois “a alegria da
consolação é proporcional ao sofrimento na aflição”1. ‘Naquele
dia você dirá: "Eu te louvarei, Senhor! Pois estavas irado contra mim, mas
a tua ira desviou-se, e tu me consolaste. Deus é a minha salvação; terei
confiança e não temerei. O Senhor, sim, o Senhor é a minha força e o meu
cântico; ele é a minha salvação!"’ (Isaías 12:1,2)
“A alegria da fé é
proporcional à tristeza do arrependimento”1. ‘Mas
Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: "Olha, Senhor! Estou dando a metade
dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei
quatro vezes mais". Jesus lhe disse: "Hoje houve salvação nesta casa!
Porque este homem também é filho de Abraão. Pois o Filho do homem veio buscar e
salvar o que estava perdido" (Lucas 19:8-10).
“A alegria dos sorrisos que
voltam para Deus é proporcional ao terror de seu olhar de censura e reprovação”1. ‘O
Senhor voltou-se e olhou diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da
palavra que o Senhor lhe tinha dito: "Antes que o galo cante hoje, você me
negará três vezes". Saindo dali, chorou amargamente’ (Lucas
22:61,62). ‘Pela terceira vez, ele lhe disse: "Simão, filho de João,
você me ama?" Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela
terceira vez "Você me ama?" e lhe disse: "Senhor, tu sabes todas
as coisas e sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Cuide das minhas
ovelhas’ (João 21:17).
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus
1 - Spurgeon cita (G. R.).
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