Abriga-me Senhor à sombra das Tuas asas, até que a tormenta passe.

“Firme está o meu coração, ó Deus, o meu coração está firme” (Salmo 57:7a)


Imagine que você esteja no mais profundo de uma caverna escura e úmida fugindo de um caçador implacável que quer destruir sua vida. Você é obrigado a respirar aquele ar pesado e passar dias e noites como um animal acuado... 
É neste contexto que se encontra Davi. 

Ele teve que fugir para salvar sua vida e se esconder em uma caverna, quando era perseguido por Saul. Em meio às perseguições, surge das profundezas da terra uma canção em forma de oração que diz: “Misericórdia, ó Deus; misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia. Eu me refugiarei à sombra das tuas asas, até que passe o perigo. Clamo ao Deus Altíssimo, a Deus, que para comigo cumpre o seu propósito. Dos céus ele me envia a salvação, põe em fuga os que me perseguem de perto; Pausa Deus envia o seu amor e a sua fidelidade. Estou em meio a leões, ávidos para devorar; seus dentes são lanças e flechas, suas línguas são espadas afiadas. Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus! Sobre toda a terra esteja a tua glória! Preparam armadilhas para os meus pés; fiquei muito abatido. Abriram uma cova no meu caminho, mas foram eles que nela caíram” (Salmos 57:1-6).

As várias palavra repetidas nesta oração não são "vãs repetições", na verdade elas manifestam a intensa e dolorosa angústia que vive a alma de alguém que embora confie em Deus, age como se Deus não estivesse disposto a ouvir e atende sua súplica. Seu uso procura tranquilizar a alma, no entanto elas revelam as condições variadas do mesmo coração, seus batimentos repetidos são alterados ao enfrentar situações que fogem ao seu controle. Primeiro ele reafirma a sua confiança “em ti a minha alma se refugia” (Salmos 57:1). Entretanto ao olhar em volta ele percebe o extremo perigo de estar cercado por uma alcateia de leões famintos “Estou em meio a leões, ávidos para devorar” (Salmos 57:4) por conta disto confessa: “fiquei muito abatido” (Salmos 57:6). Parece que a alma do salmista desceu do monte Sião até as profundezas da caverna quando ele diz:

  • “Minha alma confia em ti”, entretanto;
  • “Minha alma está entre leões” e;
  • “Minha alma está muito abatida”.

Estes extremos podem abalar a confiança e a autoestima de qualquer um, mas não pode destruir o homem segundo o coração de Deus! Porque “O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre” (Salmos 73:26).

“Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre”, esta certeza que foi entesourada em seu coração o faz tomar um bom fôlego através da oração. E, finalmente, poder cantar envolto pelo doce e puro ar soprado pelo Espírito de Deus! Mesmo de dentro da caverna escura ele se sente livre e com seus olhos voltados para o céu, sente a alegria de estar observando as estrelas e as nuvens que pairam sobre sua cabeça. Agora totalmente inspirado, solta no ar uma nova canção que vem da alma, um cântico de júbilo que diz: “Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme; cantarei ao som de instrumentos!” (Salmos 57:7). Meu coração está bem firme, meu coração está tranquilo e confiante pois “Certamente Deus é bom para Israel, para os puros de coração” (Salmos 73:1). Agora as repetições exprimem a fé e a confiança do salmista nas ações misericordiosas de Deus “Acorde, minha alma! Acordem, harpa e lira! Vou despertar a alvorada! Eu te louvarei, ó Senhor, entre as nações; cantarei teus louvores entre os povos. Pois o teu amor é tão grande que alcança os céus; a tua fidelidade vai até às nuvens” (Salmos 57:8-10).

O coração de Davi parece bater em ritmo acelerado: “Acorde alma! Acorde harpa; Acorde lira! Desperte alvorada! Louvarei, cantarei”. Que transformação maravilhosa. O coração que no momentos de dificuldades se abateu de tal forma que “Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas” (Salmos 22:14); porque vi que “Preparam armadilhas para os meus pés; fiquei muito abatido” (Salmos 57:6a); agora testemunha o agir de Deus livrando-o da morte certa, visto que: “Abriram uma cova no meu caminho, mas foram eles que nela caíram” (Salmos 57:6b). 

Diante de tão grande fidelidade só lhe resta declarar com segurança: “Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme” (Salmos 57:7). É interessante notar que tanto o “coração de cera” quanto o “firme coração” não abrem mão de algo fundamental para o seu bom funcionamento: clamar ao Deus do céu. Em ambos os momentos, há a mesma certeza: O Senhor mandará, lá do alto, auxílio para salvá-lo. Essa transformação de um “coração de cera que derreteu” para um “coração firme”, só é possível porque o salmista guarda o seu coração do mal. Ele sabe que deve: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Provérbios 4:23). 

Por isso ele decidiu guardar no fundo do seu coração a Palavra que o santifica “Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti” (Salmos 119:11). Porque sabe que é a Palavra que o purifica e o faz enfrentar as dificuldades e viver com confiança na salvação que vem do alto. Nela ele encontra alegria, como a de quem encontra um imenso tesouro: “Eu me regozijo na tua promessa como alguém que encontra grandes despojos” (Salmos 119:162). E é deste bom tesouro que ele enche o seu coração “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mateus 6:21). 

É deste coração que Davi tira forças para ver a bondade, a fidelidade, o amor e a misericórdia de Deus sobre a sua vida. Esse sim, é o verdadeiro tesouro que firma os nossos corações: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca” (Lucas 6:45). Só por isso ele pode falar: “Firme está o meu coração, ó Deus, o meu coração está firme”. Porque não são os homens que o fazem temer. ele sabe que: muito embora esteja rodeado de leões ferozes, de gente violenta, a misericórdia de Deus e a Sua grande fidelidade nunca falham. Portanto o que verdadeiramente faz seu coração tremer é a Palavra de Deus: “Os poderosos perseguem-me sem motivo, mas é diante da tua palavra que o meu coração treme” (Salmos 119:161).

Esse tremer é o tremer de um coração alegre, que reflete a felicidade no rosto de todo aquele que teme ao Senhor e n’Ele confia: “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate” (Provérbios 15:13). Alegria que desperta a alma, para que ao romper do dia venha diante de toda gente cantar a Deus, um cântico que revela a glória do Senhor brilhando sobre toda a Terra.

Certo é que aquele que entesourar em seu coração a Palavra de Deus pode trazer a memória a amabilidade e fidelidade Divina em toda e qualquer situação. E ao recordar proclama emocionado: meu coração está pronto; meu coração está firme; por isso estou agradecido e isso não pode ser mudado. Portanto em reconhecimento ao Teu grande amor por mim cantarei alegremente. Cantarei com a minha alma ao som de instrumentos um canto de júbilo dizendo: “Acorde, minha alma! Acordem, harpa e lira! Vou despertar a alvorada! Eu te louvarei, ó Senhor, entre as nações; cantarei teus louvores entre os povos. Pois o teu amor é tão grande que alcança os céus; a tua fidelidade vai até às nuvens. Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus! Sobre toda a terra esteja a tua glória!” (Salmos 57:8-11).

Se você foi abençoado, abençoe também, não deixe de compartilhar.

“Ó talvez alguma vida possas alegrar,
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).
No amor de Cristo,
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus

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