Meu coração está aflito... Por causa dos meus pecados já não tenho esperança e minha vida é só gemido.
“Porque em ti, Senhor, espero; tu, Senhor meu Deus, me ouvirás”. - Salmos 38:15
Não havia nada mais angustiante do que aguardar o castigo paterno. Isso se dava quando eu praticava algo nem tão grave assim, mas minha mãe decretava: “quando seu pai chegar nos conversamos”. Quanta aflição carregava esta terrível frase. O que me restava a fazer como filho era aguardar o terrível momento para estar cara a cara com o meu pai e sofrer o castigo por conta do malfeito.
Esta é a condição do salmista e de todo aquele que
de uma forma ou outra acolheram o pecado em suas vidas. Diante do Pai Eterno,
ele está lamentando as aflições físicas e mentais, além da solidão que lhe
aflige a alma. “Senhor, não me repreendas no teu furor nem me disciplines
na tua ira. Pois as tuas flechas me atravessaram, e a tua mão me atingiu”
(Salmos 38:1,2).
Atingido pela mão certeira e pesada do Senhor que
permanecia sobre ele não de uma forma boa “Pois de dia e de noite a tua
mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca”
(Salmos 32:4). Tanto que “Estou encurvado e muitíssimo abatido; o dia
todo saio vagueando e pranteando” (Salmos 38:6). Ele sabe que isto está
ocorrendo não porque Deus é mal ou tenha prazer no sofrimento humano, nada
disso. Seu martírio é decorrente única e exclusivamente por conta do peso dos
seus pecados “As minhas culpas me afogam; são como um fardo pesado e
insuportável” (Salmos 38:4). E até aceita o fato de que o que vem
sofrendo é uma retribuição merecida por conta dos seus erros. “Por causa
de tua ira todo o meu corpo está doente; não há saúde nos meus ossos por causa
do meu pecado” (Salmos 38:3).
A maldição do pecado produziu sofrimento. Seu corpo
está coberto pelas chagas e seu coração carrega a aflição amarga - fruto da
sua insensatez: “Estou ardendo em febre; todo o meu corpo está doente. Sinto-me
muito fraco e totalmente esmagado; meu coração geme de angústia” (Salmos
38:7,8). A seriedade do mal que se apossou da vida do salmista é tão
angustiante que nos faz lembrar das chagas e angústia que tomaram o corpo e a
alma de Jó. A diferença é que este último não pecou. No entanto, não restam dúvidas
de que o sofrimento por que passa o salmista é consequência dos seus pecados.
O pecado não só adoece, ele suga todas as forças daquele que se propõe a
realizar seus desejos: “Estou a ponto de cair, e a minha dor está sempre
comigo” (Salmos 38:17).
Ao reconhecer seu erro e ver o quanto foi imprudente
ao deixar-se iludir, tentado satisfazer os desejos da carne, ele toma consciência dos seus atos e tal qual o filho pródigo que: "Caindo em
si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui,
morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi:
Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu
filho; trata-me como um dos teus empregados’. A seguir, levantou-se e foi para
seu pai. "Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu
para seu filho, e o abraçou e beijou. "O filho lhe disse: ‘Pai, pequei
contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho’
(Lucas 15:17-21), ele se arrepende. Em seu arrependimento o Salmista não
discute com o Pai nem afirma ser inocente, ele simplesmente reconhece sua culpa dizendo: “Confesso a minha culpa; em angústia estou por
causa do meu pecado” (Salmos 38:18). Sua única
preocupação é rogar por misericórdia, para que o seu jugo seja retirado: “Senhor,
não me abandones! Não fiques longe de mim, ó meu Deus! Apressa-te a ajudar-me,
Senhor, meu Salvador!” (Salmos 38:21,22).
Desamparado e abatido, ele sabe que sua única e
última esperança é buscar o perdão de Deus, confiando em sua grande
misericórdia! Nesta busca desesperada, o salmista clama: “Senhor, não me
castigues, não me repreendas na Tua ira” (Salmos 38:1). Ele tem
convicção de que o Senhor ouvirá os seus lamentos: “Senhor, em ti espero;
Tu me responderás, ó Senhor meu Deus!” (Salmos 38:15), que conhece as
suas dores. Dores de um corpo doente por causa do pecado. Dores de uma opressão
terrível que o faz sentir como se a vida não valesse a pena. Dores de uma alma
que geme em desespero por conta do pecado que nele habita e tal qual um parasita
suga sua vida.
Como vimos, de todas as doenças possíveis e imagináveis
o pecado é a pior de todas, pior do que qualquer doença que os homens conheçam.
Ele rouba, mata e destrói. Rouba a nossa paz, sufoca a nossa vida como uma
inundação procurando nos asfixiar até a morte, suprimindo as nossas forças,
destruindo a nossa autoestima, até que passemos a andar cabisbaixos, encurvados
e abatidos. Os dias, antes alegres, agora estão repletos de angústia e
lamentos! Tudo isso em consequência da loucura de se render ao pecado. E a
loucura de tudo isso é que embora saibamos que toda dor tem sua origem no
pecado, isso não impede que nós acalentemos essa maldição em nossos corações: “Cada
um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então
a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se
consumado, gera a morte” (Tiago 1:14,15). Em outras palavras, nós mesmos
cultivamos e atraímos o mal sobre nossas cabeças.
Todavia, nem tudo está perdido. Há esperança de libertação plena desta maldição para todos que em Deus esperam. Todos que confessam os seus pecados: ‘Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: "Confessarei as minhas transgressões ao Senhor", e tu perdoaste a culpa do meu pecado’ (Salmos 32:5). Pronunciando assim o seu pedido de misericórdia: “Apressa-te a ajudar-me, Senhor, meu Salvador!” (Salmos 38:22). Sua atitude de buscar perdão e cura vem de uma consciência de que Deus em sua infinita bondade, bondade de um Pai amoroso há de perdoar e curar corpo e alma de toda opressão maligna. ALELUIA! Pois como está escrito: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). Tanto que o pai chegou e ao contrário do castigo tão temido e esperado... "o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar” (Lucas 15:22-24)
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus
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