Estou decidido: vou vigiar meus passos e minha língua. Mas quanto mais eu me conservava em silêncio, pior ficava. Dá-me algum alívio Senhor!

“Eu disse: Vigiarei a minha conduta e não pecarei em palavras; porei mordaça em minha boca.” - Salmos 39:1-2a.


Em nossa curta jornada neste mundo somos desafiados diariamente a tomar decisões. Decisões simples como calar ou falar? Ou complexas: esperar ou não o agir de Deus? Certo é que tanto as decisões simples ou complexas influenciarão os nossos dias, meses, anos e consequentemente a nossa vida. Elas incluem: relacionamentos, estudos, profissão, chamado e, a mais importante de todas: nosso relacionamento com Deus - que diz respeito não só a nossa curta vida aqui na terra, mas o que será de nós na eternidade “Vejam que hoje ponho diante de vocês vida e prosperidade, ou morte e destruição” (Deuteronômio 30:15).

A tomada de decisão é sempre complicada. Porque nossas escolhas trazem consigo não só ganhos mas, também perdas: “Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará” (Mateus 16:24,25). Neste ponto, as pessoas geralmente se perdem por viverem em ambientes de incertezas e objetivos conflitantes. Porque vivemos num mundo onde o predominante é: não renuncie a nada, você pode ter tudo agora mesmo: ‘Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: "Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar"’ (Mateus 4:8,9).

Uma proposta diabólica semelhante a esta influenciou a desafortunada decisão tomada por Adão e Eva, que acabou por nos colocar nesta encruzilhada onde devemos escolher: viver ou morrer... "Diga a este povo: ‘Assim diz o Senhor: Ponho diante de vocês o caminho da vida e o caminho da morte’” (Jeremias 21:8). Esta é uma decisão que não pode esperar porque o tempo não pára. “Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha vida é nada diante de ti. De fato, o homem não passa de um sopro” (Salmos 39:5). Essa decisão tem de ser tomada hoje antes que não haja mais tempo “Multidões, multidões no vale da Decisão! Pois o dia do Senhor está próximo, no vale da Decisão” (Joel 3:14).

Porém muitos na multidão podem dizer: “Isso é injusto, porque eu tenho que abrir mão do que me dá prazer?” Para não cair nesta armadilha o salmista toma a decisão de exercer um autocontrole: “Porei mordaça à minha boca”, muito embora ele se sinta tentado a se queixar de Deus em público. Tal como Jó, ele deve reprimir a tentação da murmuração, porque elas teriam impacto não só sobre ele mas, na vida de todos os seus súditos. Sendo assim, corajosamente controla as suas emoções e desejos e, pensando no seu futuro, hoje ele decide que o melhor para sua vida é colocar uma mordaça em sua boca. Pois, “A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto” (Provérbios 18:21). 

Como vimos, a nossa língua tem uma tremenda inclinação para o mal - “Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno” (Tiago 03: 6,7). Um poder tão grande que mesmo que tenhamos um amplo conhecimento das Escrituras, tal qual Davi tinha ou, um invejável conhecimento teológico, se não houver domínio da língua, a “Sua religião não tem valor algum!” (Tiago 01:26b). Ela fala mentiras, dá falso testemunho, semeia contendas entre irmãos e, atrai a ira do Senhor - “Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos” (Provérbios 6:16-19).

Como dissemos, todas as nossas decisões têm perdas e ganhos. O silêncio também cobra o seu preço: “Enquanto me calei resignado, e me contive inutilmente, minha angústia aumentou. Meu coração ardia-me no peito e, enquanto eu meditava, o fogo aumentava” (Salmos 39:2-3). Davi agiu certo ao se calar diante do ímpio: “Vigiarei a minha conduta e não pecarei em palavras; porei mordaça em minha boca enquanto os ímpios estiverem na minha presença” (Salmos 39:1). Mas diante do crescimento angustiante de sua aflição, mesmo estando em meditação, ele decide fazer uma oração pedindo entendimento: “então comecei a dizer: Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida e o número dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou. Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha vida é nada diante de ti. De fato, o homem não passa de um sopro” (Salmos 39:4-5). “Faz-me a conhecer, Senhor”. Ele deseja ter entendimento afim de compreender a fragilidade da sua vaidosa vida.

Diante de Deus e, sem testemunhas que pudessem usar suas palavras contra ele mesmo, Davi sabiamente dá vazão a seus sentimentos e pensamentos. Ele parece ter ouvido o conselho de nosso Senhor que diz: "E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará” (Mateus 6:5,6).

Em sua oração ele espera ter de volta a sua confiança em Deus. Confiança que romperia os pensamentos inúteis que o fizeram achar erradamente que: “me contive inutilmente”, por isso, pensa ele, “minha angústia aumentou”, “meu peito ardia” e “o fogo aumentava”. Ao perceber seu engano ele roga por misericórdia: “Mas agora, Senhor, que hei de esperar? Minha esperança está em ti. Livra-me de todas as minhas transgressões; não faças de mim um motivo de zombaria dos tolos. Estou calado! Não posso abrir a boca, pois tu mesmo fizeste isso. Afasta de mim o teu açoite; fui vencido pelo golpe da tua mão. Tu repreendes e disciplinas o homem por causa do seu pecado; como traça destróis o que ele mais valoriza; de fato, o homem não passa de um sopro.” Pausa “Ouve a minha oração, Senhor; escuta o meu grito de socorro; não sejas indiferente ao meu lamento. Pois sou para ti um estrangeiro, como foram todos os meus antepassados. Desvia de mim os teus olhos, para que eu volte a ter alegria, antes que eu me vá e deixe de existir” (Salmos 39:7-13)

Estamos diante de um pedido sincero de misericórdia “Senhor ... Livra-me de todas as minhas transgressões”. Isso só é possível graças ao renovo de suas esperanças em Deus. Agora ele pode pedir: “Livra-me ... Afasta de mim o teu açoite... ouve... desvia...”. O que mostra a diferença dos pensamentos anteriores de agora. Essa mudança radical no pensamento do salmista, se deve ao reconhecimento de seus pecados e, à decisão de confessá-los.

Tal decisão deu um novo sentido ao seu relacionamento com Deus e como consequência em sua humildade, o que era impossível com angústia no coração.

Este sem sombra de dúvidas é o nosso grande desafio para hoje. Precisamos em nossas orações diárias pedir misericórdia ao Senhor. Pedir todos os dias entendimento para ter cuidado com nosso modo de viver, guardando a nossa língua para não pecar, sabendo que sofreremos as consequências das nossas escolhas.

Lembre-se: somos frágeis, nossa vida é curta, não passamos de um sopro! A nossa temporada é nada diante de Deus e, as queixas que nos tomam um tempo valioso nos fazem pecar. A melhor decisão é: manter-se calado diante dos homens; manter os lábios limpos para quando formos falar com Deus nossas palavras sejam: “Senhor ... Livra-me de todas as minhas transgressões”. E “Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!” (Salmos 19:14). Compreenda que sua única esperança é o Senhor.

Se você foi abençoado, abençoe também, não deixe de compartilhar.

“Ó talvez alguma vida possas alegrar,
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).
No amor de Cristo,
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus

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