“Felizes são vocês!” - Parte 29 – Felizes são vocês que vieram a este mundo! Porque você é um projeto de Deus!
“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer” (Eclesiastes 3:1,2).
Hoje eu celebro mais um ano de vida, 55 anos, num corpão de muito mais, há um misto de felicidade e melancolia. Felicidade porque apesar da pandemia e muitas outras ameaças de morte diárias porque, “por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro” (Salmos 44:22), estamos bem e com saúde. Tristeza, pois, hoje, também, fazem 3 anos da morte de minha mãe.
O dia
22 de outubro de 2018, amanheceu cinza, o sol não apareceu, uma chuva fina e
teimosa insistia em cair o dia todo, minhas lágrimas se misturavam às águas dos
céus. Pois ao acordar, eu já sabia que aquele dia era o tempo determinado de
morrer aquela que me gerou em seu ventre e me amou antes mesmo de me ter no
colo. Abaixo segue o depoimento que ela fez em 2016, quando dos meus 50 anos.
POR
MARIA EUNICE DA SILVA NASCIMENTO, em 22 de outubro de 2016.
“Meu
filho você nasceu em agosto, mas foi registrado em outubro, seu pai se
confundiu na hora de fazer o registro. Perdoe-me: a mãe não se lembra de muita
coisa”.
“Seu
nascimento foi um milagre, o trabalho de parto foi longo e sofrido tanto para
mim como para você, nós lutamos bravamente durante três dias, a parteira
amarrou uma corda na minha barriga para que você não subisse e nascesse mais
rapidamente. Passados três dias e nada de vermos o seu rosto, seu pai chamou o
farmacêutico da cidade que me aplicou uma injeção - aí pude ver você muito
roxinho, a parteira lhe deu muitas palmadas até que você conseguisse respirar!!!
Você sofreu muito, mas veio a este mundo! Porque você é um projeto de Deus!”
“Caçula
dos homens, um lutador de nascença! Foi
difícil seu nascimento, tanto que eu não queria mais
filhos. Por lhe
batizar com o
nome José (em hebraico
significando "Yahweh acrescenta"), ainda tive a Jucilene”.
“Seu
irmão Clodomir te dizia: "o teu nariz era tão grande que tinha de nascer
por cesariana".”
“Contudo,
tu mesmo me tiraste do ventre; deste-me segurança junto ao seio de minha mãe” (Salmos 22:9). Pois era
“tempo de nascer”.
Entretanto,
ao chegar naquele dia ao quarto da UTI, pude perceber que a situação se
agravara muito, seus olhos já não abriram, sua respiração estava ofegante. Como
de costume, visto que fizemos isso durante os 72 dias de internação, li para ela o
salmo 23, depois cantei, desta vez sozinho os hinos: 123 - BENDITO CORDEIRO; 396
- FOI NA CRUZ FOI NA CRUZ e 112 - VENCENDO VEM JESUS. Orei por ela, depois da
oração cantei uma música que nunca tinha cantado em todos estes dias: GRAÇAS DOU
POR ESTA VIDA. Então sai do quarto para que os médicos pudessem realizar os
procedimentos de “conforto”. Neste momento senti ainda mais que ‘As
cordas da morte me envolveram, as angústias do Sheol vieram sobre mim; aflição
e tristeza me dominaram. Então clamei pelo nome do Senhor: "Livra-me,
Senhor!"’ (Salmos 116:3,4). Foi quando contemplando o nada e com
os olhos cheios d’àgua eu orei dizendo: “Senhor, hoje é meu aniversário, eu
quero te pedir um presente, leva minha mãe pra junto de Ti, acaba com o
sofrimento dela, amém”.
Horas
depois ela veio a óbito. Era “tempo” dela “morrer” . Chegara o “tempo” de ela “nascer” para a
eternidade. Pois “Disse-lhe Jesus: "Eu sou a
ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem
vive e crê em mim, não morrerá eternamente” (João 11:25,26a). Os
médicos ficaram surpresos com a rápida evolução do quadro para a morte, pois
segundo eles ela deveria ficar no mínimo mais 24h em sofrimento para só então
morrer. Certo é que “nós lutamos bravamente durante setenta e dois dias”.
E saímos vitoriosos. “Você sofreu muito, e assim saiu deste mundo! Porque
você é um projeto de Deus!” Obrigado mãe por lutar por mim e me ensinar a
lutar até a vitória final.
A oração
que fiz foi fruto do que você me ensinou, não foi egoísta, ou porque queria me livrar
de um problema; Deus é testemunha disso, mas de amor profundo por aquela que
sempre me abençoou em suas orações. Por isso todo dia 22 de outubro, este misto
de alegria triste toma conta de mim. Entretanto a alegria supera a tristeza da
saudade, pois “Por essa causa também sofro, mas não me envergonho, porque
sei em quem tenho crido e estou bem certo de que ele é poderoso para guardar o
meu depósito até aquele dia” (2 Timóteo 1:12). Como tenho certeza de
que guardou o depósito de minha mãe. “Irmãos, não queremos que vocês
sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os
outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos
também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que nele
dormiram” (1 Tessalonicenses 4:13,14).
Por
isso digo com alegria: vamos celebrar a vida tanto aqui como nos céus. Pois enquanto
aqui vivermos “O Senhor o protegerá e preservará a sua vida; ele o fará
feliz na terra e não o entregará ao desejo dos seus inimigos” (Salmos
41:2). Entretanto viveremos mais felizes ainda pois sabemos que “A
nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um
Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as
coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados,
para serem semelhantes ao seu corpo glorioso” (Filipenses 3:20,21).
Portanto, no tempo em que ainda temos debaixo do sol oremos pedindo: Senhor “Ensina-nos
a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria” (Salmos
90:12).
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus
Que história linda, meu irmão. Deus seja louvado em sua vida.
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