“Porque vivemos por fé” - Parte 39 (Jonas) – Porque pela fé podemos ver mais que um Deus justo; podemos ver o amor de Deus e esperançosos implorar por Sua misericórdia.

“Em meu desespero clamei ao Senhor, e ele me respondeu. Do ventre da morte gritei por socorro, e ouviste o meu clamor” (Jonas 2:2).


“Que direi dos profetas? Que direi eu de Jonas?”

Muito embora o nome Jonas signifique “Pomba” um símbolo de paz e também do Espírito Santo, Jonas tem um espírito raivoso, aguerrido: ‘O Senhor lhe respondeu: "Você tem alguma razão para essa FÚRIA?" (Jonas 4:4). E ainda mais: ‘Mas Deus disse a Jonas: "Você tem alguma razão para estar tão FURIOSO por causa da planta?" Respondeu ele: "Sim, tenho! E estou FURIOSO a ponto de querer morrer"’ (Jonas 4:9).

Um profeta furioso e obstinado, irritado, mal-humorado, impaciente e, um verdadeiro patriota comprometido com o seu clã; alguém que ama o seu povo e era um amante leal de Israel.  Essas, com certeza, não são as melhores credenciais para um profeta, um homem de Deus. Entretanto Jonas também tinha temor ao Senhor, o Deus do céu, o Criador do mar e da terra. ‘Ele respondeu: "Eu sou hebreu, adorador do Senhor, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra"’ (Jonas 1:9).

O profeta Jonas traz em seu curriculum a mancha da desobediência, uma desobediência intencional, pois ‘veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença."’ (Jonas 1:1,2). Jonas recebe uma ordem direta de Deus, e o que se espera é que ele, um homem temente a Deus, obedeça a esta ordem “do Senhor, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra”

Entretanto Jonas não “se levantou para ir” a Nínive; ele “levantou-se para fugir” para Társis. Em princípio Jonas parece que vai obedecer, pois “Jonas se levantou”, mas não se “levantou” para a obediência, ele se “levantou” para ir “para longe da presença do Senhor”: “Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Társis. E descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor” (Jonas 1:3).

Na verdade, quando o profeta “Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor”, sua desobediência o leva a uma decida em desabalada carreira: ele desceu a Jope, achou um navio, e desceu para dentro dele, desceu ao porão do navio, desceu ao fundo do mar e desceu as entranhas do grande peixe nas profundezas do mar. Até que finalmente este homem obstinado reconhece sua conduta vergonhosa: “Eu desci até aos fundamentos dos montes; a terra me encerrou para sempre com os seus ferrolhos; mas tu fizeste subir a minha vida da perdição, ó Senhor meu Deus” (Jonas 2:6).

É maravilhoso saber que apesar dos altos e baixos, Jonas não perde a fé e continua sendo um profeta de Deus. Jonas não morre afogado quando jogado no mar tempestuoso. Ele não é morto ao ser engolido pelo grande peixe. Sobrevive por três dias três noites no ventre do peixe, isso mostra claramente que o Deus misericordioso guardou a sua vida. Tanto que ‘E veio a palavra do SENHOR segunda vez a Jonas, dizendo: Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e prega contra ela a mensagem que eu te digo’ (Jonas 3:1,2). E Jonas finalmente se levanta para obedecer: “levantou-se Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor” (Jonas 3:3).

No livro de Jonas encontramos três orações:

A primeira oração é feita pelos tripulantes do barco, eles não são pessoas cruéis, pois no princípio se recusaram a jogar Jonas no mar: “Ao invés disso, os homens se esforçaram ao máximo para remar de volta à terra. Mas não conseguiram, porque o mar tinha ficado ainda mais violento” (Jonas 1:13). Contudo, diante do perigo eles oraram com sinceridade ao “Senhor, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra”: ‘Então eles clamaram ao Senhor: "Senhor, nós suplicamos, não nos deixes morrer por tirarmos a vida deste homem. Não caia sobre nós a culpa de matar um inocente, porque tu, ó Senhor, fizeste o que desejavas"’ (Jonas 1:14). Muito embora de forma torta, a desobediência de Jonas acabou trazendo salvação àqueles homens religiosos, pois “Ao verem isso, os homens adoraram ao Senhor com temor, oferecendo-lhe sacrifício e fazendo-lhe votos” (Jonas 1:16).

A segunda oração foi feita por Jonas. É interessante notar que Jonas não tinha orado durante a tempestade, muito embora os marinheiros clamassem aos seus deuses e até diante da admoestação do Capitão do navio, um pagão ensinando o que o profeta de Deus deveria fazer e não fez: ‘O capitão dirigiu-se a ele e disse: "Como você pode ficar aí dormindo? Levante-se e clame ao seu deus! Talvez ele tenha piedade de nós e não morramos"’ (Jonas 1:6). Entretanto Jonas o ignorou e não se levantou para clamar ao Senhor. Mas agora no ventre do peixe ele sente as consequências de sua desobediência, sente o desespero de sua situação. Então, finalmente: ‘Lá de dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, ao seu Deus. Ele disse: "Em meu desespero clamei ao Senhor, e ele me respondeu. Do ventre da morte gritei por socorro, e ouviste o meu clamor. Jogaste-me nas profundezas, no coração dos mares; correntezas formavam turbilhão ao meu redor; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim. Eu disse: Fui expulso da tua presença; contudo, olharei de novo para o teu santo templo. As águas agitadas me envolveram, o abismo me cercou, as algas marinhas se enrolaram em minha cabeça. Afundei até os fundamentos dos montes; à terra cujas trancas estavam me aprisionando para sempre. Mas tu trouxeste a minha vida de volta da cova, ó Senhor meu Deus! "Quando a minha vida já se apagava, eu me lembrei de ti, Senhor, e a minha oração subiu a ti, ao teu santo templo. "Aqueles que acreditam em ídolos inúteis desprezam a misericórdia. Mas eu, com um cântico de gratidão, oferecerei sacrifício a ti. O que eu prometi cumprirei totalmente. A salvação vem do Senhor"’ (Jonas 2:1-9). Então “o Senhor deu ordens ao peixe, e ele vomitou Jonas em terra firme” (Jonas 2:10).

A terceira oração também e feita por Jonas que agora revela toda sua decepção ante a misericórdia Divina. Pois ‘Ele orou ao Senhor: "Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em casa? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que promete castigar mas depois se arrepende. Agora, Senhor, tira a minha vida, eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver"’ (Jonas 4:2,3). Como podemos ver suas palavras o condenam porque, embora ele tenha relutantemente obedecido ao segundo mandato de Deus, ele fica irado com a misericórdia Divina aos ninivitas, o que revela óbvia incoerência na aplicação da sua fé.

Entretanto como atenuante precisamos entender que Jonas era um forte nacionalista. Ele foi o único profeta mandado para pregar aos gentios. E ele, assim como todo Israel, tinha consciência dos males que os assírios haviam feito em Israel durante vários anos de domínio e exploração. Para Jonas era muito difícil alertar o inimigo de seu povo e aceitar o fato de que Deus pudesse oferecer misericórdia à Nínive. Já que em sua visão os Ninivitas mereciam um julgamento severo de Deus da mesma forma como acontecera no Egito. Por isso sua pregação rápida e furiosa: ‘Jonas entrou na cidade e a percorreu durante um dia, proclamando: "Daqui a quarenta dias Nínive será destruída"’ (Jonas 3:4).

Sua mensagem, embora não tenha um conteúdo de salvação e misericórdia, alcança o coração do povo que se arrepende e busca misericórdia Divina: “Os ninivitas creram em Deus. Proclamaram jejum, e todos eles, do maior ao menor, vestiram-se de pano de saco” (Jonas 3:5). Até o rei se arrependeu: ‘Cubram-se de pano de saco, homens e animais. E todos clamem a Deus com todas as suas forças. Deixem os maus caminhos e a violência. Talvez Deus se arrependa e abandone a sua ira, e não sejamos destruídos"’ (Jonas 3:8,9). Diante de tal arrependimento, Deus manifesta a Sua grande misericórdia: “Deus viu o que eles fizeram e como abandonaram os seus maus caminhos. Então Deus se arrependeu e não os destruiu como tinha ameaçado” (Jonas 3:10).

O livro de Jonas não é composto de grandes profecias como outros livros proféticos, entretanto sua história é a mensagem e ao mesmo tempo uma profecia a todas as nações de que Deus ama todas as pessoas e deseja abençoá-las com perdão e misericórdia. ‘Mas o Senhor lhe disse: "Você tem pena dessa planta, embora não a tenha podado nem a tenha feito crescer. Ela nasceu numa noite e numa noite morreu. Contudo, Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?"’ (Jonas 4:10,11).

Jonas é um homem de fé, ele mesmo diz “Eu sou hebreu, adorador do Senhor, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra" (Jonas 1:9), sua fé está com ele em todos os momentos. Ele ora a Deus e obedece a Deus mesmo contra sua vontade, e deixa isso bem claro! Mas, Jonas não é o personagem principal do livro que leva o seu nome, ele é um coadjuvante. 
O personagem principal é “o Deus dos céus, que fez o mar e a terra", e a mensagem não é a desobediência de Jonas, mas a evidência do gracioso amor de Deus para com o homem: “Contudo, o Senhor espera o momento de ser bondoso com vocês; ele ainda se levantará para mostrar-lhes compaixão. Pois o Senhor é Deus de justiça. Como são felizes todos os que nele esperam!” (Isaías 30:18). O Senhor perdoa os pecados porque Ele é misericordioso, tardio em irar-se. O desejo de Deus não é punir, mas salvar o perdido e independentemente das nossas motivações, a motivação de Deus será sempre salvar o perdido pecador e manifestar a Sua Misericórdia aos homens que verdadeiramente se arrependerem.   

Leia na próxima Publicação: '“Porque vivemos por fé” - Parte 40 (Miquéias) – Porque pela fé recebemos o verdadeiro poder, a força e justiça para viver na “força do Espírito do Senhor”'
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No amor de Cristo,
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus

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