“Porque vivemos por fé” - Parte 10 (Homens de fé) – A fé é uma peregrinação em direção da pátria celestial. Portanto quem posta os olhos na sua verdadeira pátria, não buscam um lugar neste mundo.
“Todos estes ainda viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hebreus 11:13-15).
A história nos conta que inúmeras batalhas foram travadas para conquistar a “Terra Santa”. A conquista da Terra Prometida de Canaã, tem início com Abraão quando ‘O Senhor apareceu a Abrão e disse: "À sua descendência darei esta terra". Abrão construiu ali um altar dedicado ao Senhor, que lhe havia aparecido’ (Gênesis 12:7). Todavia “Abraão viveu cento e setenta e cinco anos. Morreu em boa velhice, em idade bem avançada, e foi reunido aos seus antepassados” (Gênesis 25:7,8), sem tomar posse da Terra Prometida. A promessa então passou para o seu sucessor: Isaque, a ele Deus também prometeu a posse da Terra: “Permaneça nesta terra mais um pouco, e eu estarei com você e o abençoarei. Porque a você e a seus descendentes darei todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a seu pai Abraão” (Gênesis 26:3). Contudo “Isaque viveu cento e oitenta anos. Morreu em idade bem avançada e foi reunido aos seus antepassados. E seus filhos Esaú e Jacó o sepultaram” (Gênesis 35:28,29). Agora a promessa é feita a Jacó, neto de Abraão: ‘E Deus ainda lhe disse: "Eu sou o Deus Todo-poderoso; seja prolífero e multiplique-se. De você procederão uma nação e uma comunidade de nações, e reis estarão entre os seus descendentes. A terra que dei a Abraão e a Isaque, dou a você; e também aos seus futuros descendentes darei esta terra"’ (Gênesis 35:11,12). No entanto Jacó “Ao acabar de dar essas instruções a seus filhos, Jacó deitou-se, expirou e foi reunido aos seus antepassados” (Gênesis 49:33).
“Todos estes ainda
viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido” - “Todos
estes”, os patriarcas, a quem foi feita a promessa diretamente
por Deus morreram e nada receberam, sua única porção neste mundo, foi sete
palmos debaixo da terra comprada por Abraão para lhe servir de sepultura: ‘A
seguir, Jacó deu-lhes estas instruções: "Estou para ser reunido aos meus
antepassados. Sepultem-me junto aos meus pais na caverna do campo de Efrom, o
hitita, na caverna do campo de Macpela, perto de Manre, em Canaã, campo que
Abraão comprou de Efrom, o hitita, como propriedade para sepultura. Ali foram
sepultados Abraão e Sara, sua mulher, e Isaque e Rebeca, sua mulher; ali também
sepultei Lia’ (Gênesis 49:29-31). Nenhum deles tomou posse da Terra,
nem seus filhos, muito menos seus descendentes. - “Todos estes”,
viveram como peregrinos na sua própria terra.
Entretanto a história não
termina aí, finalmente depois de 400 anos de exílio, finalmente chega o grande
momento do cumprimento da promessa, entra em cena Moisés. A ele o Senhor
‘Disse ainda: "Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque, o Deus de Jacó". Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de
olhar para Deus. (...). Por isso desci para livrá-lo das mãos dos egípcios e
tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel: a terra dos
cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus.’
(Êxodo 3:6-8). Contudo Moisés jamais pisou na terra prometida, ele só pode contemplá-la
ao longe antes de finalmente morrer e juntar-se aos seus pais: ‘Então, das
campinas de Moabe Moisés subiu ao monte Nebo, ao topo do Pisga, em frente de
Jericó. Ali o Senhor lhe mostrou a terra toda: de Gileade a Dã, toda a região
de Naftali, o território de Efraim e Manassés, toda a terra de Judá até o mar
ocidental, o Neguebe e toda a região que vai do vale de Jericó, a cidade das
Palmeiras, até Zoar. E o Senhor lhe disse: "Esta é a terra que prometi,
sob juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó, quando lhes disse: Eu a darei a seus
descendentes. Permiti que você a visse com os seus próprios olhos, mas você não
atravessará o rio, não entrará naquela terra". Moisés, o servo do Senhor,
morreu ali em Moabe, como o Senhor dissera’ (Deuteronômio 34:1-5).
Diante disto, teria Deus
deixado de cumprir sua promessa? Seria isso possível? Visto que Ele é incapaz
de mentir pois “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para
que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de
cumprir?” (Números 23:19). Além disso Sua Palavra não muda. Por isso "Bendito
seja o Senhor, que deu descanso a Israel, seu povo, como havia prometido. Não
ficou sem cumprimento nem uma de todas as boas promessas que ele fez por meio
do seu servo Moisés” (1 Reis 8:56).
“Todos estes”
receberam, apesar de terem morrido, o que Deus lhes prometeu, pois “Todos
estes” morreram e “Mesmo assim não duvidou nem foi incrédulo em
relação à promessa de Deus, mas foi fortalecido em sua fé e deu glória a Deus, estando
plenamente convencido de que ele era poderoso para cumprir o que havia
prometido” (Romanos 4:20,21). Porque “Todos estes ainda viveram
pela fé”. O cumprimento da promessa não se dá com a entrega do que
vemos, daquilo que “esperamos” ou tocamos. O cumprimento da
Promessa se dá recebendo as “coisas que não vemos”, ou seja, a aquisição
do descanso de Deus, a redenção prometida, a manifestação da glória de Deus na
terra, que não foi concedido durante o tempo de vida destes homens na terra. Eles
não se decepcionaram com Deus, pois olhavam para o invisível, já que “Se
estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Em
vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial”
(Hebreus 11:15,16a).
Pela fé, eles firmemente
confiaram que a Palavra Divina se cumpriria não só sobre suas vidas mas em toda sua
descendência. Sua fé é comprovada na paciência, uma atitude inabalável durante
seus dias de vida. Tanto é verdade que eles viveram como “estrangeiros e
peregrinos” na terra que por direito lhes pertencia, mas jamais tomaram
posse. Ora eles “viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo
que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Os que assim falam mostram que
estão buscando uma pátria” (Hebreus 11:13b,14).
Na minha curta peregrinação,
tenho visto pessoas arraigadas a este mundo visível, correndo atrás do vento,
verdadeiros acumuladores de inutilidade, agarrando-se a promessas vazias do pai
da mentira ‘Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe
todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: "Tudo isto lhe
darei, se você se prostrar e me adorar"’ (Mateus 4:8,9). Para estes
isto é suficiente, porque vivem pelo que veem, e não por fé, estes “Eu
lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa” (Mateus 6:2b),
pois estão enraizados com toda sua força neste mundo terreno. Portanto
para eles o mundo invisível de Deus que só se vê através dos olhos da fé,
permanece estranho.
Para os crentes
verdadeiros: Viver pela fé é morrer na fé. Portanto a vida da fé é uma
peregrinação. O céu é o único lar dos crentes
fiéis. É a pátria superior para a qual aqueles que vivem pela fé estão
plenamente destinados. Porquanto, pela fé, alcançaram o direito à cidadania na
cidade de Deus. “Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros,
mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Efésios 2:19).
Assim sendo “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos
ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20). Deste
modo, quem enraizou sua existência na eternidade de Deus, não tem mais direito
a uma pátria neste mundo: “Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente,
mas buscamos a que há de vir” (Hebreus 13:14).
Meus queridos, vivemos pela
fé porque a fé é uma peregrinação em direção a nossa Pátria Celestial, que é
melhor que a terrena. Por isso os patriarcas buscavam a pátria da qual
obtiveram conhecimento pela revelação de Deus e de acordo com a sua fé não
existe mais volta. Tanto que sua vida de peregrinação persistente em direção ao
alvo de Deus confirma a sua fé. Pois eles sabiam que Deus providenciou o futuro
eterno de seus filhos. Porque Deus lhes preparou uma cidade”.
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus
Curiosidade: Quanto a posse da terra, cerca de 600 anos depois da promessa feita, Josué tomou posse dela depois de várias batalhas sangrentas, guerras que se sucederam líder após líder, como os juízes Débora e Gideão ou os reis Saul e Davi e por aí vai. Entretanto eles colecionaram derrotas. Sofreram nas mãos dos assírios, foram deportados e escravizados pelos babilônios, sucumbiram aos selêucidas e terminaram destroçados pelos romanos. Além das Cruzadas, um conjunto de guerras travadas entre cristãos e muçulmanos pela disputa de Jerusalém, a "Terra Santa" que estava sob o domínio islâmico desde o século VII. Tudo isso por um torrão de terra que passa de mão em mão.
Comentários
Postar um comentário