“Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala.” (Hebreus 11:4).
Não estamos aqui para romantizar a fé visto que muitos recitam de cor e salteado a definição ilustrada da fé: “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11:1), sem contudo conseguirem alcançar a real aplicação da fé genuína em suas vidas. E ao invés de afirmarem: “Porque vivemos por fé.” Fazem uma pergunta: “Por quê vivemos por fé?” tais pessoas acham humanamente impossível alcançar a fé capaz de mover montanhas por exemplo: “Respondeu Jesus: "Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e atire-se no mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito” (Marcos 11:22,23). Com isso elas têm alcançado pouco resultado em sua experiência de vida com Deus e desistem na largada. Elas se esquecem de que quem foi justificado pela fé, alcança graça. Entretanto, quem abandona este único e firme fundamento que resiste às crises, desse Deus não se agrada: “Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele" (Hebreus 10:38). Pois “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam” (Hebreus 11:6).
Para rechaçar os mais diversos argumentos e a fim de despertar os "Tomés" da vida o escritor apresenta agora o exemplo de numerosas pessoas que viveram a vida da fé pela fé. É como se o autor dissesse: “Basta de teoria, vamos à prática! Agora vou trazer evidências robustas, provas para materializar, concretizar as afirmações feitas por Deus de que “o meu justo viverá pela fé.”
Viver pela fé não somente é possível mas já aconteceu com várias pessoas, homens e mulheres sujeitos às mesmas paixões que nós, que em determinado momento da sua vida vacilaram na fé mas não desistiram, pelo contrário seguiram em frente: ‘Eu cri, ainda que tenha dito: "Estou muito aflito’ (Salmos 116:10).
Talvez você esteja
perguntando:
-
“Então alguém já viveu desse modo?”
- Certamente!
- Quem
foi?
- Várias pessoas em toda
Bíblia, mas eu fiz um pequeno resumo para você em Hebreus. 11:1 – 12:4 é a
resposta do escritor. Pois estes são os registros dos heróis do Velho Testamento
que “viveram confiando no que não viram”, ou “pela fé”.
Através dos seus testemunhos vemos que a fé é a extraordinária certeza e portanto
a mais forte evidência de que os fatos que cercam a vida do justo não veem da
realidade que vemos. Então vejamos: Abel e primeiro exemplo de fé de toda a
história da humanidade, muito embora ele seja o primeiro a viver pela fé, ele
não é o pai da fé, este título cabe a Abraão. O nome Abel na língua hebraica significa
“vaidade (isto é: transitório)”. Já no grego Abel significa “fôlego”,
o mesmo que respiração, seja como for podemos dizer que Abel é: “o fôlego
transitório” da fé que nos aproxima de Deus enquanto aqui vivermos; pois a fé que produz em nós o fôlego da vida, também é transitória e perderá a
sua finalidade na glória.
A curta estória do justo Abel nos mostra que o justo que vive pela sua fé, por causa da sua fidelidade também morrerá. Este é um fato incontestável porque o mundo odeia o justo e sua fé. Entretanto, disse Jesus: "Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15:18,19).
A história dos
primeiros seres humanos já está indissoluvelmente ligada à realidade da eterna
luta entre o bem e o mal. Entre o “justo” que “viverá pela
fé”, neste caso Abel, pois “os justos herdarão a terra e nela habitarão
para sempre. A boca do justo profere sabedoria, e a sua língua fala conforme a
justiça. Ele traz no coração a lei do seu Deus; nunca pisará em falso”
(Salmos 37:29-31). E o ímpio, neste caso Caim que em grego significa “possessão”,
e no hebraico “criador: fabricante (literalmente ferreiro)”, Juntando os dois podemos ter “possesso criador”, tanto que Caim “possesso”
de raiva, podemos dizer: “criou” o primeiro assassinato da história da
humanidade, pois a maldade estava enraizada em seu coração, assim sendo “O
ímpio fica à espreita do justo, querendo matá-lo” (Salmos 37:32).
A história de Caim e Abel,
retrata bem a história da humanidade, onde o justo que “profere sabedoria
e justiça” é historicamente injustiçado pela perseguição implacável do ímpio que por sua vez “espreita o justo, querendo matá-lo”.
Tanto é verdade que ‘Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos
para o campo". Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou’
(Gênesis 4:8). Abel foi morto por conta da sua fidelidade, ele foi assassinado
porque:
- “Pela
fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim”. Porque
ele tinha consciência que os seus pecados o afastavam de Deus, tanto que “ofereceu
a Deus um sacrifício” para purificação dos seus pecados e assim restabelecer a comunhão com Deus.
- “Pela fé ele foi
reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas”. Não
foi o que Abel ofereceu, mas como ele ofereceu que fez o seu sacrifício ser
aceito por Deus. Tanto que ‘O Senhor disse a Caim: "Por que você
está furioso? Por que se transtornou o seu rosto? SE VOCÊ FIZER O BEM, NÃO SERÁ
ACEITO? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja
conquistá-lo, mas você deve dominá-lo"’ (Gênesis 4:6,7). “Pela
fé” Abel sabia em seu coração o que o salmista descobriria anos depois:
“Não te deleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, senão eu
os traria. Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um
coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” (Salmos
51:16,17). Portanto “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo
misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas
pecadores" (Mateus 9:13). Diante de Deus o essencial é se os
sacrifícios são expressão visível de um coração humilde e obediente. O filósofo
judaico “Filo” disse: “A oferenda de Abel era viva, a de Caim sem vida.
Aquela era superior em força e vigor, a de Caim era mais fraca (de menor
valor).”
- “Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala”. Apesar de ter morrido prematuramente, Abel viveu pela fé e esta é a razão pela qual Deus aceitou seu sacrifício. Ele foi assassinado, sem culpa, por manter integro o seu coração. As injustiças são comuns a todo aquele que viver por sua fidelidade, como está escrito: “Tudo isso aconteceu conosco, sem que nós tivéssemos esquecido de ti, nem tivéssemos traído a tua aliança. Nossos corações não voltaram atrás, nem os nossos pés se desviaram da tua vereda” (Salmos 44:17,18). “O sangue de Abel” ainda fala e faz ecoar o testemunho da sua fé mesmo depois de morto. Um testemunho poderoso e eloquente de que é possível não só viver pela fé, mas também morrer por ela: porque “Melhor é o pouco do justo do que a riqueza de muitos ímpios; pois o braço forte dos ímpios será quebrado, mas o Senhor sustém os justos. O Senhor cuida da vida dos íntegros, e a herança deles permanecerá para sempre” (Salmos 37:16-18). Portanto “agora Cristo será engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte; porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.” (Filipenses 1:20b,21).
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus
Comentários
Postar um comentário