O SENHOR é o meu pastor. Ele me guia em segurança quando atravesso o abismo na tenebrosa escuridão da noite.
No ano de 2008 tudo parecia se encaminhar para um ano tranquilo
e feliz eu estava fazendo o curso de sargento com vistas à ascensão profissional. Na igreja estávamos construindo três salas e dois banheiros. Em casa tudo ia bem, minha
esposa estava trabalhando em uma faculdade e havia concluído sua graduação. Nós nos sentíamos “repousando em verdes pastagens”, sendo “conduzidos
as águas tranquilas”; com o “vigor restaurado”. E nossa
oração não podia ser outra: “Guia-me nas veredas da justiça por amor do
seu nome” (Salmos 23:3).
Apesar da oração feita com fé, de repente tudo mudou e o “dia mau”
(Efésios 6:13) chegou sem avisar. De forma abrupta invadiu nossas vidas,
ficamos tateando nas trevas do medo e tivemos que “andar por um vale
de trevas e morte”! Nossa filha, por conta do diabetes, teve uma crise
e precisou ser levada para o hospital, ela estava muito pálida e desidratada, embora
sem febre, tremia muito. À caminho do hospital a angústia já pairava sobre
nossos corações. Ao chegar, uma equipe de médicos e enfermeiros a tomou e imediatamente a colocaram em uma cama. Na tentativa de aquecê-la a cobriram com
vários cobertores, enquanto outra parte da equipe, tentava sem sucesso encontrar uma
veia para administrar soro e medicamentos. Seus sinais vitais não estavam bons. Olhei e vi o medo nos olhos da minha filha! Sem poder nos aproximar dela, eu e minha esposa caímos em pranto, me lembro de
que em meio as lágrimas comecei a andar lentamente para trás, meus pés tocaram
uma cadeira e eu sem forças nas pernas sentei, e durante todo tempo minha
oração foi: “Senhor não leva a minha menina”.
Por mais fortes que possamos ser, há um limite para as nossas forças. Limites testados quando nos vemos em meio a um vale de trevas e morte, envoltos
pela escuridão, sem esperança. Nos vemos sós, abandonados à própria sorte. Este
sentimento de pavor que assola a nossa alma não significa que somos os piores
crentes do mundo. Somos humanos! "Eu lhes disse essas coisas para
que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham
ânimo! Eu venci o mundo" (João 16:33). Isso significa que,
independente da nossa posição social ou do nosso relacionamento com Deus,
haverá momentos em que as nossas pernas tremerão “quando eu andar
por um vale de trevas e morte”. O grande profeta “Elias teve
medo, e partiu para salvar a sua vida” (1ª Reis 19:3). Lembre-se
de que “você é pó" (Gênesis 3:19), mas nunca se
esqueça que “Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem
compaixão dos que o temem; pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de
que somos pó.” (Salmos 103:13,14).
São nestes momentos de profunda angústia que vivenciamos as grandes misericórdias Divinas. E mesmo quando a morte:
- nos acompanhar como uma sombra assustadora;
- nos fizer sentir totalmente indefesos diante das dores insuportáveis das enfermidades; ou ainda,
- dos prejuízos materiais, ou cercado por inimigos.
Olharmos em volta e tomarmos ciência de que vencer a morte está além das nossas forças.
Ao passar por estes terríveis momentos é fundamental trazer à memória que: “O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta”. Esta lembrança traz a certeza de que a bondade e o amor do Deus Emanoel preencherão com Sua presença cada momento da nossa vida, mesmo os mais sombrios! Ele nos conduz em segurança pelo “vale sombrio da morte” e nos fazem chegar são e salvo a um novo dia, já que “o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria” (Salmos 30:5b). Portanto, “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.” (Salmos 23:4).
Quero dizer que sentir medo não é pecado o grande profeta “Elias
teve medo, e partiu para salvar a sua vida”, pois “Elias era
humano como nós” (Tiago 5:17a), tanto que ele desejou a morte: “Basta,
Senhor, disse ele; tirai-me a vida, porque não sou melhor do que meus pais”. Foi neste momento de pura angústia que ele viu o trabalho silencioso e brando do
Espírito; “Mas eis que um anjo tocou-o, e disse: Levanta-te e come. Elias
olhou e viu junto à sua cabeça um pão cozido debaixo da cinza, e um vaso de
água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Veio o anjo do Senhor uma segunda. vez,
tocou-o e disse: Levanta-te e come, porque tens um longo caminho a percorrer.
Elias levantou-se, comeu e bebeu e, com o vigor daquela comida, andou quarenta
dias e quarenta noites, até Horeb, a montanha de Deus" (1ª Reis
19:3-8).
Sei que a meditação de hoje está extensa, mas o vale em que se encontra o
abismo da tenebrosa escuridão também é uma noite longa. Independente do
tempo de travessia do “vale de trevas e morte”, uma coisa é certa:
A presença viva de Deus em toda travessia, quer na vida ou na morte. Nas mais
densas trevas Ele traz a luz! Ele é o único apoio seguro em qualquer circunstância! “Ele não permitirá que você tropece; o seu
protetor se manterá alerta, sim, o protetor de Israel não dormirá, ele está
sempre alerta! O Senhor é o seu protetor; como sombra que o protege, ele está à
sua direita. De dia o sol não o ferirá, nem a lua, de noite. O Senhor o
protegerá de todo o mal, protegerá a sua vida. O Senhor protegerá a sua saída e
a sua chegada, desde agora e para sempre” (Salmos 121:3-8).
Não me recordo quanto tempo os médicos e enfermeiros levaram para estabilizar a Priscilla. Sei que para nós durou uma eternidade, para ela então, nem se fala! Certo é que finalmente eles conseguiram, com habilidade profissional, mas muito mais que isso, entrou em cena o “cajado” Divino. Quando se falavam em fazer acesso pela cabeça, pés e lugares que jamais sabíamos ser possível, encontram finalmente uma veia muito frágil entre os dedos, e torciam para que a veia não estourasse. O que acabo de relatar a vocês foi só o início da nossa jornada no “vale de trevas e morte”, pois ela ficou internada na UTI por 15 longos dias, onde só podíamos vê-la uma hora por dia, uma pessoa por vez. Neste tempo difícil, tivemos medo sim, não me envergonho de confessar. Mas, não nos apavoramos, vimos Deus atender nossa oração: “Senhor não leva a minha menina”. O nosso “Protetor não dormiu”! Ele nos conduziu por todo o vale: “Mas tirou o seu povo como ovelhas e o conduziu como a um rebanho pelo deserto. Ele os guiou em segurança, e não tiveram medo; e os seus inimigos afundaram-se no mar” (Salmos 78:52,53). E assim sentimos Sua revigorante presença em cada momento! Colocou em nossos lábios uma expressão de confiança na proteção de Deus - Um cântico de confiança – A “canção da fé” que diz: “O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta. Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem” (Salmos 23:1;4).
Com palavras doces em amor;
Ou talvez algumas almas tristes alcançar,
Com a mensagem do Senhor!” (Hino 417 C.C.).
No amor de
Cristo,
Pr. José de Arimatéa Nascimento
Servo de Cristo Jesus
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